quarta-feira, 11 de junho de 2008

A Febre da Selecção

Na última meia dúzia de anos o país viu-se infestado por uma estranha epidemia – que tem vindo a aumentar com o passar do tempo. Assim, de dois em dois anos, há um estranho vírus que afecta a maior parte dos portugueses; é uma peçonha que provoca febre, histeria e uma certa dose de loucura.
É a Febre da Selecção.
A Febre da Selecção, normalmente, ataca em força (como já disse, de dois em dois anos), pelo início do Verão, sendo que os seus sintomas se começam a fazer sentir por alturas do estágio. Finalmente, quando começa o torneio – Campeonato do Mundo ou da Europa –, a febre alastra-se e a histeria ataca mais forte em dias de jogo.
Mas esta estranha febre tem efeitos secundários. O país vai parando, cada vez mais, jogo após jogo, vitória após vitória. É a loucura generalizada e, durante duas ou três semanas, o país deixa de ter problemas; acabam-se as preocupações com a subida dos preços dos combustíveis e dos bens de consumo, acabam-se as preocupações com a precariedade de emprego, com as desigualdades sociais e com os salários de miséria.
Deixem o povo berrar por Portugal e pela Selecção, deixem-no desfraldar a bandeira nacional, enfeitar janelas e sacadas com o verde e rubro nacional. Afinal de contas, daqui a uns dias a febre passa… acaba-se o sonho e a ilusão. É o regresso ao pesadelo do dia-a-dia num Portugal triste e cheio de mágoas.
Vamos aproveitar esta euforia por Portugal e convertê-la a favor de uma nação (inteira) que precisa que o seu povo se una e, todo uno, faça com que o país se volte a erguer.
Bom, agora, vou vestir a minha camisola, pegar na minha bandeira e no meu cachecol e vou, juntamente com os meus colegas, gritar por Portugal e assistir ao jogo da Selecção.
Que ganhe o melhor… Que ganhem os melhores…
PORTUGAL!

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