sábado, 15 de maio de 2010

O Sócrates é que a sabe toda…

Numa altura em que o país se encontra completamente mergulhado no boião da crise, o Governo tem sabido aproveitar a conjuntura nacional para fazer passar as suas medidas sem grandes sobressaltos.
Em Março, Sócrates apresentava o PEC para salvar o país da crise, e garantia que este não traria aumento de impostos, excepto para os portugueses com chorudos rendimentos. Dizia o Primeiro-Ministro que era em nome de um princípio de “justiça e equidade na distribuição do esforço nacional”.
Entretanto, o país estava num impasse decisivo para a vida de todos os portugueses: saber em que fim de semana o Benfica se sagrava campeão nacional. O Governo viu a luz e aproveitou para por o PEC em funcionamento. De seguida, foi a grande festa nacional do título benfiquista, e todo o resto deixou de ter importância. Os portugueses vivem para o futebol e não vão à bola com políticos.
O campeonato nacional de futebol acabou, mas o país continuou a olhar para a bola. Carlos Queirós anunciou os “eleitos” para o Mundial da África do Sul e, assim, não faltaram motivos para polémicas e acesas discussões.
De seguida, o esforço nacional virou-se para a preparação da visita do Papa Bento XVI a Portugal e, após um milagroso acordo – celebrado a 13 de Maio – entre o Primeiro-Ministro e o líder da oposição, os impostos aumentaram. Desta vez, para todos os portugueses. O líder da oposição pede desculpa ao país (pelo que ainda não fez e pelo que já deixou fazer) e o Primeiro-Ministro diz que se lixe a “justiça e a equidade”. Segue-se o grande princípio de que quando toca a pagar, pagam todos – é o esforço colectivo para pagar os erros (e os gastos) de uns quantos.
Agora que o Papa terminou a visita ao nosso país, os portugueses sentem-se mais abençoados e dedicam o seu esforço nacional à Selecção de futebol que se prepara para o Mundial. Daqui a umas semanas, todos os tugas, de cachecol verde e rubro ao pescoço, têm os olhos postos na África do Sul e esperaram que mais um milagre leve Portugal à final do Campeonato do Mundo.
Depois do Mundial, em plena época estival, o país fecha para férias. Os portugueses, desiludidos, mandam o resultado da Selecção às malvas e vão a banhos, só regressando às suas vidas normais em Setembro.
É nessa altura que os portugueses vão ter uma surpresa: os impostos aumentaram. Viver custa cada vez mais e o ordenado, ao fim do mês, é cada vez menos.

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