sábado, 26 de julho de 2008

Novos pobre-ricos

Numa entrevista publicada no Diário de Notícias, do passado dia 20, Manuel de Lemos – presidente da União das Misericórdias Portuguesas – referia que todas as semanas recebem, por correio electrónico, “dezenas de pedidos de ajuda alimentar”. E acrescenta que essas pessoas tentam “revelar o menos possível sobre si próprios e pedem ajuda para atravessar o período difícil que se vive e matar a fome”.
Manuel de Lemos, segundo o DN, alerta para um novo padrão de pobreza que foge ao típico retrato dos pobres. “São pessoas com um perfil diferente, que não vivem na miséria, mas estão à beira de entrar na pobreza; Não estamos a falar de idosos, dos típicos desempregados, mas de pessoas com menos de 40 ou 45 anos que se calhar não deixam de pagar a netcabo nem desmarcam as férias na agência de viagens mas passam fome”.
A este novo padrão de pobreza, eu chamaria “pobres de espírito” ou mesmo “ter mais olhos que barriga”. Com o evoluir da nossa sociedade (de consumo) – principalmente depois dos anos 80 -, algumas pessoas habituaram-se a determinados níveis de vida e a ter, ou querer ter, determinados luxos que, por vezes, não têm capacidade económica para tal. É preciso fazer contas à vida antes de tomar qualquer decisão. Não chega usarmos o cartão de crédito. Não podemos viver (por muito tempo) acima das nossas possibilidades; Ainda esta semana vi na TVI – onde mais poderia ser?... – um individuo a explicar as suas dificuldades financeiras: ele recebia cerca de 800 euros por mês, tirava para pagar a casa, o carro, a mobília da sala, o plasma e… o ordenado não chegava. No final ainda lhe faltava dinheiro para a água, para a luz, para o gás e… para comer… Assim não é possível aguentar o barco muito tempo!
E estes novos pobres “se calhar não deixam de pagar a netcabo” para, depois, poderem mandar um e-mail a pedir ajuda… São os novos tempos!

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